O que eu gosto na ética da psicanálise é que ela não busca enxergar uma pessoa em sofrimento como alguém com características a serem eliminadas. A ideia é entender o que esse sintoma diz respeito à pessoa até que ela saia do sofrimento.

Quando a pessoa está muito comprometida não consegue elaborar e dizer o que está sentindo, ou dar sentido ao sofrimento. Minha jornada é ajudar a entender o que ela está sentindo, dar um contorno para o sentimento. Quanto mais você conseguir nomear, melhor você consegue lidar. E lidar não somente para eliminar, mas entender que certas coisas são traços de personalidade, e cabe a cada um compreender como conviver melhor com aquilo numa vida de qualidade.

Uma coisa importante da minha prática clínica é considerar cada atendimento único, pois cada um dá um sentido à própria vivência. Por mais que a gente consiga utilizar termos gerais, cada um vai vivenciar aquilo de uma maneira muito peculiar.

O terapeuta é alguém que está junto, acolhendo, dando valor àquilo que é dito, interessado em entender como a pessoa é sem focar na questão de mudança, aprimoramento, como se a pessoa fosse uma máquina. A gente está inserido numa sociedade que tenta vender felicidade e resultados o tempo todo, o que é irreal.